http://www.makepovertyhistory.org O Mal da Indiferença: Feminicídio!

sábado, março 03, 2007

Feminicídio!




A conceptualização desta problemática teve a sua origem no México e consiste, deste modo, na máxima expressão da violência contra a mulher que inclui práticas sociais ligadas aos maus tratos psicológicos e físicos. Este crime conduz, assim, as vitimas a uma situação de discriminação social, de desigualdade nos vários campos; apesar da persistência do silêncio e do conformismo a nível social.

Este facto multiplica-se e as estatisticas revelam-se: nos últimos dois meses quarenta e duas mulheres mortas, vítimas de violência doméstica. Nem os esforços das campanhas de sensiblização; nem a actuação jurídica e das autoridades; nem os trabalhos de consciencialização mediática; nem os milhares de euros gastos na inserção das massas agressoras conseguem travar este processo contínuo de agressão e de subjugação, assim como o número crescente de mortalidade feminina.

"Eu acredito que parte dos homicídios de mulheres são crimes de ódio. Parte do problema social das mulheres é que conseguimos aceder à vida económica e isso possui um custo, o incremento da violência doméstica nos lares, e o extremo desta violência em muitos casos pode ser o homicídio", divulga Illán na declaração ao Centro de Comunicação e Informação da Mulher (Cimac).

Ora, de acordo com a UMAR, no ano de 2005, pelo menos 39 mulheres foram assassinadas pelos companheiros e registaram-se 46 tentativas de homicídio no nosso país. Do total das 39 mulheres mortas, 37 foram alegadas como vítimas de violência doméstica, nas suas formas mais graves como espancamento, esfaqueamento e abuso sexual intenso. Ao compararmos com a Espanha, sabemos, de antemão que no mesmo período, o número de óbitos femininos, alegado pela prática de violência doméstica, rondava as 87 mulheres; todavia,do ponto de vista demográfico, o vizinho país, tem três vezes mais população do que Portugal, logo a situação no nosso país é muito mais grave e apresenta fortes indicios para aumentar ainda mais.

Consolidemos: "O problema da violência doméstica é mais visível no Sul da Europa do que no Norte, mas a situação de Portugal é pior do que em Espanha. Temos 2,5 mais vítimas mortais", refere Maria José Magalhães, vice-presidente da UMAR. Acrescentou, ainda que os espanhóis registaram 70 homicídios de género no mesmo período.

Elza Pais enuncia ainda que “ou são casos de agressões continuadas, por vezes durante anos, com todos os tipos de violência que começam até antes do casamento e terminam com a morte da vítima. Ou são casos em que os agressores não toleram que as vítimas os abandonem, por vezes devido precisamente a agressões. Vários casos de homicídios conjugais acontecem já depois do fim do casamento".

Neste cenário crú e nú, os valores percentuais vão aumentando dia-a-dia, minuto-a-minuto e a estática social mantém-se ao não enfrentar um processo dividido em três fases fundamentais: lua de mel caracterizada por afeição, reconciliação, e aparente fim da violência; surgimento da tensão descrita pela pouca comunicação, tensão, medo de causar explosões de violência e acção justificada e mensurada pelas explosões de violência e abusos.

É preciso orientar a consciência com plenos programas de acção!
Ana Ferreira