http://www.makepovertyhistory.org O Mal da Indiferença: “O cérebro e a vida são muito mais do que aquilo que falamos”

sexta-feira, setembro 07, 2007

“O cérebro e a vida são muito mais do que aquilo que falamos”

A propósito de, nestes últimos dias, o blogue reflectir sobre crimes contra menores, vejo-me obrigada a traduzir, algumas informações, do caso Maddie. O debate não cessa e a opinião pública especula novos desenvolvimentos. O mediatismo deste processo foi, inicialmente, incentivado pelos progenitores e tal como alguém referia “Quem com a espada mata,com a espada morre”. A ânsia e a autenticidade do caso levam a que uns considerem que a médica, mãe da desaparecida seja constituída arguida e outros inocente. No entanto, a aplicação da condição de arguida nem sempre é sinónimo de culpabilidade, mas poderá indiciar para tal.
O secretismo do processo é quase impossível. Contudo, a violação do segredo de justiça deve punir, seriamente, quem a pratica. O novo código civil propõe que,nestes casos, a publicidade seja a regra e revelação dos casos em ocorrência a excepção. Isto é, a revelação de alguma informação deve ser a mínima, a necessária e a indispensável. A justiça só prosseguirá se o rigor for implementado.
Apesar disso, este caso pode ser visto por vários prismas. Em primeiro lugar, a componente religiosa mostra-nos que o Vaticano retirou todas as informações de Maddie do site. Um estado de alma foi aberto ou fechado, de acordo com a visão de cada um. Mas não deixo em branco, que uma coisa é a fé, outra coisa é a religiosidade. O facto de o padre ter cedido, desde logo, a chave da Igreja a esta família, isto conduz-nos à ideia de que os pais da menina poderão ter uma enorme capacidade de influência sobre o comportamento das pessoas envolventes. De facto, a religião pode ser um “esconderijo” e um acto de camuflagem dos comportamentos humanos, de extrema agressão.
Em segundo lugar, de acordo com a comunicação social, as primeiras palavras do casal, em discurso directo, aquando do desaparecimento menina foram as seguintes: “Nós falhamos. Eles levaram-na!”. Levanto a seguinte questão indignada: “Como é que sabem que são eles?”. Acredito, em contrapartida, que os pais poderão ser reféns sem terem conhecimento de tal condição, embora defenda que todos nós, em situação extrema, podemos fazer coisas que o cérebro não impõe limites.
O dia 25 de Maio assinala o dia mundial das crianças desaparecidas, o que é indicativo de um número crescente de crianças desaparecidas na rede das malhas do tráfico de crianças. Alvitro que os esforços continuem, reforçando-se a coordenação colectiva, dos mesmos e a sua integração em organismos públicos que deleguem protecção e segurança à criança e ao direito da existência humana, ao direito humano!


Ana Ferreira