Why not?
Gosto do nocturno, do silencioso, do sombrio, do solitário, do monótono, do melancólico. Gosto do imperscrutável, do indizível, do inesperado. Gosto do subterrâneo, do ignoto, do dúbio. Gosto do complexo, do controverso. Gosto do estranho, do original, do minoritário, do invulgar. Gosto do turvo, do neurótico, do contraditório, do impetuoso. Gosto do ensimesmamento, da introspecção, do olhar crítico e da opinião. Gosto da ilusão, do sonho e da utopia. Gosto da liberdade e da igualdade. Gosto da razão e do esqueleto. Gosto da língua, da escrita e da palavra. Gosto do inverno, da chuva, do vento. Gosto da noite, da lua e da nuvem. Gosto da toca, do ninho, do berço. Gosto do piano, da tecla, do ré, mi, fá, sol, lá si, dó. Gosto do ‘to be continued’, das reticências, dos travessões. Gosto da rouquidão, da febre, do suor. Gosto do vácuo, do deserto, do abismo. Gosto simplesmente!
Porquê? Porque detesto o gratuito, o avulso, o previsível, o vendável. Detesto o inconsequente, o incongruente, o insolente, o leviano. Detesto a bala e o chicote. Detesto o subalterno, o vassalo, o senhor, o déspota. Detesto o injusto, o pretenso, o discriminatório. Detesto o corrupto, o podre, o repugnante. Detesto o terreno e a convenção. Detesto a pobreza e a riqueza. Detesto o esgoto, o lodo, o excremento. Detesto a náusea, o vómito e as dores menstruais. Detesto a omissão, a censura e a represália. Detesto o pudor e o preconceito. Detesto a tradição e a redundância. Detesto a distorção, a manipulação, a traição e o equívoco. Detesto o esquecimento, a perda e a morte. Detesto a Idade Média, a Modernidade e a Pós-modernidade. Detesto simplesmente!
Anabela Santos
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