http://www.makepovertyhistory.org O Mal da Indiferença: Índia: “um terrível lugar para nascer mulher”

domingo, dezembro 02, 2007

Índia: “um terrível lugar para nascer mulher”


“Mulher indiana sofre e a sua consciência tortura-a”

Na Índia, o nascimento de crianças do sexo feminino é um desaire para a família, incluindo para a própria mãe, para a qual, pior do que as dores do parto, é o facto de saber que deu à luz uma menina. Os olhares, vozes e gestos dos membros da sua família e comunidade são de repúdio, consternação e incúria. Muitas parturientes de meninas são negligenciadas, maltratadas e, inclusivamente, abandonadas pelos seus maridos.
De acordo com a UNICEF, o distrito de Shravasti constitui a pior região indiana para nascer mulher. No “Global Gender Gap Report 2007”, a Índia ocupa a 114ª posição, num conjunto de 128 países: a igualdade na educação, a saúde e a economia são muitíssimo débeis no país.
Para a sociedade indiana, a mulher representa um pesado encargo financeiro, uma vez que, aquando do casamento, a família da noiva terá de efectuar o pagamento do dote. Na verdade, o sistema tradicional do casamento indiano determina que “as raparigas deixam a casa dos seus pais permanentemente no dia do seu casamento” para integrar o núcleo familiar do seu marido, acompanhadas por um “montante significativo”. Não obstante a ilegalidade do dote – desde 1960 –, este é uma prática corrente entre os indianos, e fundamente nefasta para a mulher. Nela, vêem somente o dispêndio de cifrões em vez da sua identidade própria, confinam-na ao menosprezo e à segregação, cerceiam os seus direitos fundamentais.
“Ouço-as gritar dentro de mim: mamã não me mates!”
Na índia, bem como no Paquistão e na China, o infanticídio e o feticídio femininos são amplamente praticados. Por meio de “um processo psicológico que a comunidade desenvolve”, as indianas são instigadas a matar as suas próprias filhas. A pressão recai sempre na mãe da criança, consideradas, frequentemente, culpadas pelo nascimento de uma rapariga – “há cada vez mais sogras a queimar as noras vivas”. Por isso, muitas indianas matam as suas filhas antes ou após o parto. Com o desenvolvimento tecnológico, muitas recorrem à selecção pré-natal do sexo da criança no sentido de evitar o nascimento de meninas. Este recurso redunda, frequentemente, no feticídio feminino. Na Índia, estima-se que cerca de 10 milhões de fetos femininos foram abortados nos últimos 20 anos. A erradicação de tais práticas exige uma mudança de atitudes, o banimento das barreiras mentais edificadas pelo patriarcado e nutridas pela pobreza e fechamento intelectual. Secundando a especialista em Política Social da UNICEF, Rama Subrahmanian, “não é possível para estes lugares não mudar. Mas a absorção no mainstream não acontece rapidamente”.
Anabela Santos

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1 Comments:

Anonymous Márcia said...

É realmente muito triste isto ainda acontecer em pleno século XXI. As pessoas continuam a ignorar estas situações tão macabras... O mais importante é continuarmos a fazer de conta que nada acontece... Até produzem novelas sobre a Índia,onde essa questão das castas e da importância de ter um filho macho é retratada, mas, na minha opinião de uma forma muito suave e muito pouco realista! Porque não avivar mais estas questões numa produção dessas? Pois, não interessa... As pessoas querem é balelas e sonhos cor de rosa ou então séries sobre medicina forense...
As pessoas já não lutam pelas grandes causas. Estamos na época do laxismo e da indiferença.
As revoluções são meramente por causas capitalistas e os países ricos não têm qualquer interesse em ajudar e informar os mais pobres. Isso custa dinheiro e tempo.

23:33  

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