"O que os olhos não vêem, a alma não sente!"
A “Capital Moral da Europa” nomeadamente Madrid veio acusar os publicistas, neste anúncio, de suscitar uma deformação da boa moral ou da boa consciência na transmissão da mensagem. Analogicamente, equiparam a mesma, na sua forma mais agravada, à simulação de um acto de violação.
No meu ponto de vista, a imagem publicitária é, na sua maioria, o reflexo de uma cultura, de um conjunto de valores, de regras, de formas de estar e de pensar que caracterizam a nossa Sociedade. Neste sentido, caracterizo-a, em primeira instância, pela subjugação, pela submissão contínua, pela desigualdade levada ao extremo, pela diferenciação na construção mental da concepção de género. Deste modo, a publicidade espelha, em muitos casos, o que a Sociedade não consegue observar, como é o caso apresentado, pelas mesmas razões de sempre: conformismo nos termos de género.
Na realidade, quando há, mesmo que simbolicamente, duas mãos masculinas (uso da força física) e olhares claramente direccionados para o mesmo sentido humano (neste caso, a mulher) é de todo erróneo não pensarmos que há um acto de simulação representando a agressão, o golpe masculino e consequentemente a mágoa feminina.
Há que repensar o código da “estelização da estética” ( uso da mulher na pubilicidade: a última deve respeitar a dignidade da mulher e não chocar a sensibilidade do público) se for o propósito desta publicidade representar o “belo e o estético”, adequando a realidade à intenção publicitária. Se for o caso, em nada refuto, senão for há, claramente, uma atitude de violação. Fica aqui o conselho: não caiam na trama de rolar no jogo de que é preciso ter roupa de marca, um perfume de marca [e um nome sem marca] para atrair mulheres e matá-las, mesmo que num processo de imagem lenta.
Ana Ferreira
Etiquetas: Dia Internacional da Mulher
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