"Um Balanço em Desequilíbrio!"
Social e politicamente reflectindo, evidencio o papel da linguagem dita Sexista que contribui para o desequilíbrio da balança no seio das relações sociais ou mesmo individuais entre homens e mulheres, relações estas de subordinação ou de liderança levadas ao extremo.
Quando articulo linguagem sexista com relações de dominação, refiro-me, à tendência ou tradição, em generalizar o mundo a um só sexo: ao sexo masculino. Ou seja, somos uma Sociedade Patriarcal que menospreza a “fecundidade”, a razão da procriação – a Mulher. A relação que existe entre linguagem–pensamento-mundo é uma relação dialéctica mas, em grande parte, contraditória. Alguns estudos dizem que as “presenças” são sempre feitas no masculino e que, como é óbvio, as fotos das mulheres predominam na divulgação dos Mass Media ( e as de cor negra quando é conveniente!), fotos estas que mostram duas funções redutoras da mulher: a lida da casa e a exposição corporal – duas realidades distintas mas verosímeis. Portanto, fragilmente enquadrada numa situação de exclusão e de segregação social, a mulher, ainda hoje, no Mercado de Trabalho tem um salário inferior ao do homem (ganha 30% menos do que o homem, mesmo quando têm o mesmo emprego); alguns trabalhos são considerados “extensões das tarefas domésticas” (por exemplo, o trabalho infantil); algumas mulheres são “bodes expiatórios da Sociedade”, por isso são acusadas de má Socialização e má formação dos educandos; algumas mulheres, ainda hoje, não têm direito à contracepção; algumas mulheres são alvo de mutilações genitais, físicas, psicológicas, morais, entre outras. “Crua e nua” a realidade – não acham?! Para além disso e em jeito de reforço da ideia anterior, estudos no âmbito europeu resumem o seguinte: “emprego, remuneração, formação contínua, organização do trabalho, acesso a lugares de responsabilidade, respeito pela dignidade, representação na vida pública são domínios em que as mulheres ainda não ocupam uma posição de igualdade relativamente ao homem”. Por isso, o Parlamento Europeu aposta, em si próprio, por ser um espaço de “oportunidade para as mulheres se afirmarem”. Apelo-vos a folhearem os jornais, a consultarem a realidade e, no final, fazerem o historial do menosprezo feminino. Ser Mulher é ser mais do que um corpo, é ser mais do que uma mãe, do que uma filha e essencialmente do que uma esposa: Ser Mulher é Ser Humana! No Mundo Ocidental, de acordo com as análises estatísticas, as mulheres detêm apenas 1% da riqueza mundial e ganham 10% das receitas mundiais, apesar de constituírem 49% da população; quando se considera a criação dos filhos e o trabalho doméstico, as mulheres trabalham mais do que os homens, quer no mundo industrializado, quer no mundo em vias de desenvolvimento (20% a mais no mundo industrializado, 30% no resto do mundo)…
A Realidade revê-se diariamente, as questões levantam-se mas a mentira é confrontada quando na passagem da Vida se espelha o sangue, as lágrimas e o silêncio de uma Mulher violentada, torturada, mal amada.
Ana Ferreira
anokas33@sapo.pt