http://www.makepovertyhistory.org O Mal da Indiferença: fevereiro 2007

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Feminização da Pobreza!


As relações de género têm-se pautado pela crescente “Feminização da Pobreza”, pois levantamentos oficiais e estudos académicos têm revelado que as mulheres apresentam taxas mais elevadas nos termos da pobreza ora absoluta, ora relativa; seja primária, seja secundária. Uma das maiores agressões, manifesta neste contexto, é mensurada pelo IDG (medida de desenvolvimento humano ajustada à desigualdade de género) que conduz a intensidade da pobreza como sendo maior entre as mulheres, mesmo em circunstâncias sociais similares.

Um dos enfoques deste registo está ligado à discriminação legal e cultural que impera sobre as mulheres impedindo-as de ter acesso à propriedade e ao controlo de bens de raíz, ao pleno emprego e ao crédito ou remuneração equivalente à do sexo oposto. Contribui, assim, para este facto o baixo status da mulher, o conformismo social no que concerne à distribuição desigual de poder, de oportunidades e de prestígio e a ausência de direitos de promoção da igualdade no incongruente binómio “homem-mulher”.

Analiticamente, as mulheres representam 70% dos pobres em todo o mundo, realizam 70% das horas de trabalho e recebem apenas 10% dos rendimentos mundiais. Em Portugal, apesar de representarem 53% da população economicamente activa, apenas 17% desempenham papéis no mercado de trabalho formal. Outros números apontam para a gravidade da feminização da pobreza: 32% dos lares portugueses são providos por mulheres chefes de família; 27% têm filhos menores que residem apenas com elas; 60% não recebe pensão regular do pai e 42% habita em domicílios com renda até dois salários mínimos. Para além disso, grande parte das mulheres inseridas no contexto familiar sofre com sobrecarga de trabalho, distribuição desigual de alimentos e é vitima de violência doméstica.

As estatisticas revelam, ainda, que 78% das mulheres que trabalham em Portugal exercem funções de baixa qualificação e recebem, em média, salários 40% inferiores aos dos homens. Em acréscimo, muitas mulheres sofrem do fardo de dupla acção: jornada de trabalho e responsabilidade de criarem sozinhas e sem auxílio paternal, os filhos que geraram. Outros estudos concluem ainda ( Relatório do Desenvolvimento Humano em 1999) que 44% dos domicílios chefiados por mulheres estavam classificados como pobres, comparados com 21% dos domicílios chefiados por homens.

Nesta linha de pensamento, as próprias bases fundadoras da Elite nos contornos da configuração social e a construção do Estado têm as suas raízes num modelo patriarcal, de subjugação e de dominação face à mulher.

A ficção jurídico-legal da igualdade de direitos é quotidianamente falseada e destituída do seu poder normativo por meio de mecanismos que se nutrem mutuamente: por um lado, pela naturalização e aceitação cultural de preconceitos e, por outro, pela reprodução de mecanismos informais e sociais de inferiorização e de tratamento discriminatório, com a conseqüente manutenção de privilégios para uma massa descrita pelo “formal, racional, culto, propensa para o sucesso, para a naturalização da agressão”.

É urgente quebrar o “culto do silêncio”.

Ana Ferreira

Blogger egípcio preso por expressar opiniões!



Um blogger de nacionalidade egípcia, Karim Amer, foi condenado, quinta-feira, a quatro anos de prisão por criticar as autoridades religiosas de Al Azhar, o presidente Hosti Mubarak e o Islão.

Karim Amer foi acusado de disseminar informações que destabilizam a ordem pública e desprestigiam o país, fomentar o ódio ao Islão e denegrir o presidente da República.

A Amnistia Internacional (AI), organização que actua em defesa dos Direitos Humanos, designadamente da Liberdade de Expressão, exigiu a libertação imediata e sem contrapartidas de Amer.

“A imposição desta pena é outro insulto à liberdade de expressão no Egipto”, afirmou a directora adjunta do Programa para o Médio Oriente e Norte de Africa da AI, Hassiba Hadj Sahraoui.

Sahraoui acrescentou que "as autoridades egípcias devem rever a legislação que, violando as normas internacionais, prevê penas de prisão por actos que não constituem mais do que uma forma de exercer pacificamente o direito à liberdade de expressão, pensamento, consciência e religião”.

Anabela Santos
AnabelaMoreiraSantos@sapo.pt

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Uma mulher candidata à presidência: fim da desigualdade de tratamento de géneros?



“ É mais dificil para uma mulher…Nenhum homem com o meu percurso teria sido posto em causa “

Segolène Royal
Candidata a presidência da República

As criticas a candidata socialista francesa Segolène Royal têm sido ferozes, o mínimo erro de gramática, um mínimo gesto é analisado. De facto a candidata tropeçou numa pergunta sobre o número de submarinos existentes em França, mas isso não significa que é incapaz e muito menos que não tem nada a dizer como muitas a acusam.
Foi três vezes ministra e quatro vezes deputada, actualmente é Presidente do conselho regional de Poitou-Charentes. Trabalhou sete anos ao lado do antigo Presidente da Republica François Mitterrand. No entanto é muitas vezes pintada como se não possuísse nenhum conhecimento político, como se tivesse sido escolhida por estar na moda eleger mulheres e que se limita a decorar os textos para as conferências. O seu mérito e valor são constantemente postos em causa, sem esquecer o rol de piadas sexista a que é alvo.
Durante um programa francês “J’ai une question a vous posez” que ocorreu no dia 19 de Fevereiro, em que pessoas são seleccionadas e de seguida podem fazer perguntas em directo, teve mais uma vez de se justificar sobre as suas competências. Muitos esperavam vê-la fracassar ou porque não possui retórica ou por ter-se destabilizado com as sondagens que lhe eram desfavoráveis.
Contra estas expectativas conseguiu de uma forma clara e sincera argumentar as suas ideias e esquivar-se de alguns ataques. Sendo o seu marido François Holande ser secretário-geral do partido socialista questionaram-na se de facto iam governar os dois e de que forma iam separar os poderes. Recusou responder sobre a sua vida privada.
Governar os dois? Continuo sem perceber estamos a falar de uma candidata e não do seu marido. Por ser mulher não consegue tomar decisões sozinhas? Continuo a afirmar que se a um homem nunca se tinha levantado tais questões.
Não se trata de uma questão de partido político, nem pretendo dizer que devia vencer só por ser mulher. Trata-se de tratamento igual entre os géneros, o que na minha opinião não está a ser conseguido nesta campanha.
Sylvie Oliveira

Olhar o FEMINISMO: parte I

A ‘Déclaration des Droits de la Femme e de la Citoyenne’ (1791), de Olympe de Gouges, e a ‘A Vindication of the Rights of Woman’ (1792), da inglesa Mary Wollstonecraft, com a tónica na extensão dos direitos políticos às mulheres e numa educação paritária, respectivamente, inauguraram o sentir, pensar e agir feminista.
“… se uma mulher tem o direito de subir à forca, também deve ter o direito de subir à tribuna”

Desencadeada em 1789, a Revolução Francesa firmou a apologia de direitos como a Igualdade e Liberdade, rompendo com os invólucros medievais e supersticiosos .
Bebendo inspiração nas ideias de Jean Antoine Condorcet, a francesa Olympe de Gouges redigiu uma declaração com o intuito de afirmar os direitos femininos, esquecidos nas reivindicações populares de então. Nela, a activista preconizava a integração da mulher nos domínios público e privado: o direito ao voto e à propriedade privada, o exercício de cargos públicos, a participação no ensino e no exército, bem como igual estatuto e poder na família e Igreja. Após a proibição da participação das mulheres na vida política, em 1793, Gouges perdeu a vida na Guilhotina.
"I do not wish [women] to have power over men; but over themselves"
A autora de ‘A Vindication of the Rights of Woman’, Mary Wollstonecraft, foi a precursora do feminismo inglês ao pugnar por um sistema educativo igual para ambos os sexos. Considerando a educação um canal privilegiado para a emancipação económica e igualdade em relação aos homens, a feminista preconizava a alteração do modelo de ensino que apenas tornava as mulheres “artificiais e débeis de carácter”. Wollstonecraft defendeu ainda a actuação do Estado no matrimónio, bem como uma legislação equitativa.
Apesar de ter falecido prematuramente, em 1797, Wollstonecraft tornou-se uma figura célebre, influenciando os posteriores movimentos sufragistas norte-americanos.

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quarta-feira, fevereiro 21, 2007

A UMAR e o(s) feminismo(s): parte IV

[Continuação da entrevista à vice-presidente da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), Maria José Magalhães.]
4. Qual dos feminismos deve predominar hoje: o da Igualdade ou o da Diferença?
M.J.Magalhães: Penso que a dicotomia igualdade versus diferença é uma falsa dicotomia, como, aliás, me responde Maria Teresa Horta a uma entrevista que lhe fiz para a minha tese de mestrado (Magalhães 1998).
Vejamos: quando se fala em igualdade entre “raças” diferentes, será que queremos que as/os negros/as se pintem de branco ou que os/as brancos/as se pintem de negro ou que estes/as façam plástica no nariz para ficarem com narizes achatados? Será que quando falamos em igualdade entre operários e burgueses, queremos que os operários venham a ter uma barriga proeminente ou que os burgueses venham a adquirir um físico mais do tipo “pele e osso”? Será que quando falamos em igualdade ciganos e lusos estamos a querer que todo o luso goste de dormir com o seu cavalo e prefira dançar ao pé de uma fogueira do que sentar-se no sofá? Ou que o cigano deva passar a gostar de viver numa “caixa de fósforos de um apartamento” e passe a não se importar de ver à sua volta algumas crianças maltratadas ou com fome, porque não são “suas”?
Quando falamos de igualdade entre grupos sociais discriminados ou oprimidos e grupos sociais dominantes, estamos a falar de estatuto social, oportunidades na vida, possibilidades de acesso a bens, recursos, etc., e não de características físicas ou de personalidade que variam mais de pessoa para pessoa do que entre os grupos socialmente constituídos. Suponho que todas e todos aceitam que entre os negros há pessoas tristes e outras alegres, umas que gostam de dançar, outras que não, umas que gostam de sair à noite, outras que preferem sair de manhã, umas que são assertivas e outras que são tímidas, etc. O mesmo com os ciganos, os operários, os burgueses e todos os outros OS…
Ora em relação às mulheres, é o mesmo. Há as que são mais tímidas, outras assertivas, até aquelas que são agressivas, as que são caladas, e as que não param de falar, as que são magras e as que são rechonchudas, as que podem ter filhos e as que não podem, as que querem ter filhos e as que não querem, as que gostam de trabalhar (depende do trabalho) e as que gostam mais de ir ao cinema, ou à discoteca ou à praia. As que gostam de usar decote e as que preferem andar sempre de calças. As que gostam de cozinhar e as que fogem a “sete pés” de um fogão. As que gostam de se maquilhar e as que preferem “o natural”. E por aí fora… A questão está em que a sociedade não impeça um homem de se maquilhar porque é homem ou uma mulher de ir à discoteca à noite sozinha porque é mulher.
É compreensível que esta dicotomia tenha surgido no final do séc. XIX e início do séc. XX, dada a enorme naturalização (para o que contribuiu a igreja e a ciência…) da feminilidade como um conjunto rígido de características, funções, apetências, estilo de personalidade, etc. Mas já nessa altura, as mulheres operárias e camponesas, e muito menos as negras e as ciganas, não entravam nessa categoria “mulher”. Lembremos a célebre frase, no séc. XIX de uma negra - Soujourner Truth “Ain’t I a Woman”? - que sintetiza o absurdo que era o estereótipo da feminilidade na época.
Agora, na luta pela igualdade, existem correntes do feminismo que pretendem em maior ou menor grau enfatizar as características ditas “femininas”. Este debate parece-me muito importante — isto é, o mundo igualitário que queremos é como? Pensando em pessoas, homens e mulheres, que se preocupam uns e umas com os outros e as outras (o modelo do cuidar), ou um mundo mais assente no mérito e no trablaho e afirmação individuais?
No entanto, este debate não é fácil de encontrar a solução: porque uma coisa são os nossos desejos de um mundo ideial — de solidariedade, inter-ajuda — outra coisa o mundo feroz da competição e do mercado e as feministas também têm que ter propostas estratégicas para esta dimensão da vida. Caso contrário, as nossas propostas constituirão uma armadilha para as mulheres reais: sugerir que as mulheres devem desenvolver o seu lado cuidador e sensível para criar um mundo melhor, e não se cuidam em termos de carreira e do lazer e de si próprias, significa que elas obterão lugares menos bem remunerados e ficarão ainda mais à mercê do sistema (masculino, por excelência) e sujeitas a maior vulnerabilidade também em termos de saúde (se não cuidarem de si próprias).
Enfim, há bastantes coisas escritas sobre isto, algumas mesmo por mim.


Anabela Santos

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Alguém me explica


Porque é que a palavra Feminismo assusta tanto para não poder ser pronunciada?
Sylvie Oliveira

Oportunidades iguais?

Infelizmente ainda não!
Sylvie Oliveira

Obsessão?

Não fico com insónias mas não posso negar que me preocupa! Não me parece obsessão inquietar-se com a violência contra as mulheres que infelizmente é uma realidade.

Sylvie Oliveira

Alguém me explica

Como ao pesquisar a palavra feminismo aparece-me isto?
Sylvie Oliveira

Violência Domestica na Europa

A violência doméstica atinge 4 milhões de mulheres na Europa.

Sylvie Oliveira

sábado, fevereiro 17, 2007

Its not too late (3)



Sylvie Oliveira

Its not too late (2)




Sylvie Oliveira

Its not too late!




A ecologia parece ser um dos grandes desafios do século XXI, ninguém pode escapar a esta realidade. Estamos perante uma urgência climática, a hora esta em repensar a maneira de produzir energia. Não é tarde para mudar o destino do clima!
Fica aqui algumas fotografias das iniciativas da Greenpeace França.
Mais informações em: www.its-not-too-late.com





Sylvie Oliveira

Boletim estatistico: dados penosos e circunspectos.




O Programa de População das Nações Unidas – PNUD revelou a preocupação com a invisibilidade das mulheres e com a ausência de políticas voltadas para superar as históricas discriminações e elaborou uma metodologia para medir tanto o desenvolvimento social dos países – Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, como para medir os progressos obtidos pelas mulheres – Índice de Desenvolvimento da Mulher – IDM, fundamental para a classificação dos países no cômputo do Desenvolvimento Humano. De acordo com a informação demarca-se que “(…) comparando as categorias segundo o IDM com os níveis de rendimento dos diferentes países, fica confirmado o facto de que a eliminação da desigualdade entre os sexos não depende do facto de um país ter um alto rendimento. A igualdade entre os sexos pode ser promovida sejam quais forem os níveis de rendimento de um país. O que é necessário é um firme compromisso político e não uma riqueza económica”. A ONU apresenta, ainda, o chamado Índice de Potencialização da Mulher - IPM que reflecte a representação da mulher nos Parlamentos, a proporção feminina nos postos classificados como executivos ou profissionais, a participação das mulheres no conjunto da população economicamente activa e a proporção do rendimento nacional que corresponde à mulher.

Para além disso, inúmeros diagnósticos elaborados por organismos internacionais apontam para a exclusão generalizada das mulheres, na grande maioria dos países, nas esferas de poder, conduzindo à banalização da violência contra as mulheres e para a feminilidade da pobreza, entre outros fenómenos sociais. Da mesma forma que os homens, cresce a proporção da população feminina economicamente activa, encontrando o seu sustento em trabalhos precários, mal remunerados e desvalorizados. Neste processo que atinge ambos os sexos, as mulheres atingem com dificuldade a conquista dos seus direitos, revelando-se, assim, um histórico alargado seja relativo à discriminação salarial, de poder, seja nas mais diversas formas de mutilação: corporal, moral, económica, poltica, social, etc.

Neste sentido, se as políticas e os programas económicos acarretam consequências perversas para os homens, têm incidido de forma ainda mais penosa sobre as mulheres.

Em 1998, segundo o Relatório sobre o Desenvolvimento Humano, elaborado pelo PNUD/IPEA (2000), Portugal, registava um dos maiores graus de desigualdade social no mundo. Enquanto que para a grande maioria dos países o rendimento de um indivíduo do grupo dos 20% mais ricos é, em média, até dez vezes maior do que de um indivíduo do grupo dos 20% mais pobres, em Portugal, essa proporção é infinitamente mais injusta – o rendimento médio dos 20% mais ricos é 35,5 vezes maior que o rendimento médio dos 20% mais pobres. Este Relatório destaca que tais desigualdades sociais são acrescidas devido a factores que interferem sobre o poder de barganha/ de relações de troca negocial e da consequente apropriação das massas exploradoras dos meios de produção (influência da tradicional matriz marxista) que explicam a existência da diferenciação de salários. No ponto de vista destes factores destaca-se a desigualdade de género.

Em contrapartida, Portugal, apesar dos significativos avanços legislativos ( o ultimo veio a ser conquistado apenas em 2007 com a vitória do “Sim” num valor percentuado de 59, 25% no que concerne à despenalização voluntária da gravidez), no que diz respeito às mulheres, ainda vigoram, com muita força, padrões, valores e atitudes discriminatórias. Grande parte das discriminações e violências cometidas contra as mulheres são estimuladas pela complacência ou indiferença social face a estas atitudes e, em muitos casos, o Estado ainda se mostra omisso diante do desrespeito dos direitos das mulheres e, mesmo, na violência contra as mulheres, apesar de alguns avanços importantes implementados pela acção governamental.

É necessário, no entanto, ampliar a actuação, envolvendo homens e mulheres que têm um compromisso histórico na defesa dos direitos humanos.
Ana Ferreira

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Petição do European Women’s Lobby


O European Women’s Lobby (EWL) consiste numa organização não-governamental que congrega cerca de quatro mil associações europeias com o intuito de desenvolver mecanismos para a promoção da Igualdade de Género na Europa. Integra no seu campo de actuação o combate à violência contra a mulher, a valorização de uma justiça económica e social, o empowerment feminino, entre outros.

Petição European Women’s Lobby:

O ónus da organização da vida doméstica é atribuido ainda à mulher e compele-a a conciliar as tarefas da oikos com a sua actividade profissional. Este quadro tradicional mas viçoso coloca entraves à "efectiva participação das mulheres em todos os aspectos da vida social, cultural e política".Neste sentido, o EWL está a promover uma petição com a finalidade de optimizar precisamente a oferta de serviços de prestação de cuidados na União Europeia, essencial para uma real Equidade.

A petição poderá ser assinada até 8 de Março de 2007. Posteriormente, as assinaturas recolhidas serao enviadas ao Presidente da Comissao Europeia, José Manuel Barroso, e a todos os Chefes de Estado e de Governo no Conselho Europeu da Primavera de 2007.

Porque o MAL dos males é a INDIFERENÇA, assina aqui!


Anabela Santos

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

O dia depois de ontem!

A euforia das campanhas do «SIM» e do «NÃO», a retórica dos respectivos apologistas, os emblemáticos panfletos “Vote contra a injustiça, pela dignidade” ou ”Abortar por opção sabendo que já bate um coração?”, os debates no “Prós e Contras” e os tempos de antena preencheram o nosso quotidiano nos últimos tempos e acabaram por desvendar um único fim (que muito me regozijou!): a vitória do «SIM» com 59,25%.
Ainda que a abstenção tenha registado valores elevadíssimos (56,4%), o que fez com que o resultado deste referendo não fosse vinculativo, abriram-se novas portas: a mulher que recorre à Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) deixará de ser considerada criminosa, humilhada, sujeita às mais pungentes circunstâncias. Com a despenalização da IVG haverá novas ferramentas para lutar contra o aborto clandestino, na medida em que serão disponibilizados serviços de aconselhamento médico que devem elucidar a mulher e apontar-lhe a melhor solução que passa apenas em última instância pela IVG.
Todavia, não nos deixemos inebriar pela vitória do «SIM». A mudança da lei não coloca um ponto final na totalidade dos problemas que corroem a relação da mulher com a maternidade.
Embora despenalizado, a IVG constitui precisamente um desses malogros, já que é uma prática nociva para a mulher e fulminante para o feto. Neste sentido, como asseverava há algum tempo atrás, é impreterível “esboçar estratégias e accionar mecanismos no sentido de criar e desenvolver plataformas de apoio à mulher”. E estas passam seguramente pela aposta na educação sexual que, não promovendo relações sexuais irreflectidas nos mais novos, tão-só os esclarece sobre a ‘geografia dos seus corpos’, quebra mitos e tabus, proporciona-lhes um olhar responsável sobre a sexualidade individual e dos demais. Além disso, é essencial a disponibilização gratuita de métodos contraceptivos nos centros de saúde, colectividades juvenis e liceus; a optimização dos serviços de planeamento familiar; a promoção de campanhas de consciencialização com o intuito de despertar a atenção e/ou informar a sociedade sobre questões de sexualidade e prevenção; criação de mais instituições destinadas a apoiar a maternidade.
É certo que a despenalização da IVG constitui mais uma vitória conseguida numa guerra travada em nome da Igualdade de Género! No entanto, não nos esqueçamos que deve integrar as prioridades do sistema de saúde português evitar que o aborto aconteça.
Estarei por aqui, com os olhos postos no futuro!


Anabela Santos

Inicio e não o fim!

Penso que com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez conseguimos um bom inicio para resolver a questão do aborto clandestino.

Espero que este debate não termine aqui e que se pense em novas soluções para poder evitar o aborto. Penso na questão da educação sexual tão abordada durante a campanha, penso também numa distribuição dos meios contraceptivos dos quais inúmeras vezes se referiu o difícil acesso.

Espero que de facto não se abandone a questão da vida e que se criam mais centros de acolhimentos para as mulheres e os seus filhos. Como já disse a minha opinião: o aborto não é uma solução. Para escolha ser verdadeira deve ser criada condições para a mulher interromper a gravidez em segurança e dignidade como também meios para ela poder sobreviver com uma criança caso opte por esta opção.


Sylvie Oliveira

domingo, fevereiro 11, 2007

Projecções


SIM vence com 59,25%!

Não percebo!

A afluência às urnas do referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez era de 31,31 por cento às 16h00.
Sylvie Oliveira

O dia da decisão!


sábado, fevereiro 10, 2007

"Artigo 9º: Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado."



Criminalizar uma escolha é inútil e incongruente. Quando é imposto um limite à mulher, a sua condição, enquanto mulher, deixa de ser naturalizada e legitima. A actual lei pune as mulheres que optem pelo SIM a este meio de acção, em caso de violação e/ou má formação do feto. Todavia, interrogo: "E estes não têm direito à vida?!" Poupem-me as contra argumentações do "não". É excluido pelo facto de deformação motora, mental ou corporal?! Neste sentido, as mulheres devem apenas obedecer à vontade do corpo, da mente, das condições materiais e objectivas de vida, da sua situação na profissão, da situação de subsidio-dependentes, mas acima de tudo do seu estatuto moral.

Punir não é solução, mas informar, credibilizar, estimular seja de que forma for. Basta de inferiorizar a mulher, de ridicularizar o seu papel, enquanto construtora (ou não) biológica. Basta de representações e de estereótipos socialmente construidos numa só óptica: "porque é mulher, é punível!". Em contrapartida, apelo também a um aspecto: "não ao aborto como método contraceptivo!" - é preciso orientar e gerir as políticas de previdência e / ou de precaução no sentido de optimizar a saúde mental e física.
Apesar disso, não creio na Justiça, creio no SIM e acredito com convicção na demissão dos representantes civico-juridicos em caso de setença mal dirigida, pois toda a democracia directa e representativa é posta em causa. O problema não está nas mulheres, mas nos possuidores de cargos que as dirigem com politicas rigidas e injustas, social e politicamente falando. Toda a mulher é um Ser excluído pelas mesmas razões de sempre: a Sociedade ainda não assimilou a ideia de que a mulher enquanto envolvente num processo de Cidadania, também ela o é, portadora de DIREITOS para além de responsabilidades, deveres, etc. Nesta linha de pensamento, voto SIM pela despenalização do aborto e consequentemente "não" pelo constrangimento a que a mulher está submetida.
Não ao aborto clandestino!
Sim à despenalização do aborto!
Sim pelos direitos das mulheres!



Ana Ferreira

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Vota «SIM» para MUDAR a LEI!


quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Abnégation

Femmes du monde...
Le temps est venu de
Monter aux barricades.
Armez-vous de nobles paroles
Et de grandes connaissances.
Qu’elles servent à panser les chagrins
De vos pauvres filles ployées sous l’abnégation.
Refusez d’être l’ombre du loup.
Ne soyez plus jamais de celles qui sourient
À l’inconcevable violence.
Irez-vous jusqu’à croire que
L’histoire violée tire à sa fin ?
J’en ai le souhait.
Refusez le cadeau qui sent
La rance........
Dites non au second plan.
Effacez le cœur au beurre noir
Chassez le brouillard dans la tête,
De même que cette cicatrice qui ferme votre œil.
Éloignez la main qui fait
Cuire la joue et le mot qui
Alourdit le ventre.
Dormez seules, plutôt que de
Vivre sans rêves.
Découvrez que la vie est un plaisir
Que la force n’est pas l’apanage des muscles,
Mais prend sa source dans l’âme.

( Micheline Mercier)

Sylvie Oliveira

Será a pergunta tão complicada?


Temos de votar NÃO para a despenalização ou para a suspensão de pena? Será que estou confusa ou não percebi a pergunta? Não era o SIM que ía mudar a lei?

Esta campanha confunde cada vez mais as pessoas e parece-me a mim que quem vai ganhar vai ser abstenção!

Sylvie Oliveira

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Gritos estridentes do «SIM»


“Se há alguma coisa acerca da qual existe um amplo consenso sociológico é que, seja lícita ou ilícita, a decisão de abortar nunca é tomada de ânimo leve, sendo sempre uma situação de grande compulsão psicológica. Não é a ameaça de punição penal que pode servir de dissuasor dessa decisão, nem é a despenalização que a pode banalizar.”

Vital Moreira, PÚBLICO

“Para os defensores do ‘NÃO’, a vitória do ‘SIM’ transformaria um ‘local de vida’ num ‘local de morte’ ou outro slogan semelhante. Todos preferimos promover a vida à morte. Mas, na realidade, o ‘NÃO’ ao aborto no hospital é o ‘SIM’ ao aborto em casa da vizinha, no vão de escada ou num estabelecimento de saúde sem condições médicas e sociais, sem consentimento informado e sem propor alternativas ao aborto. O ‘NÃO’ ao ‘estabelecimento de saúde legalmente autorizado’ é o ‘SIM’ à agulha de tricot.”

José Vítor Malheiros, PÚBLICO

“A defesa da despenalização do IVG não é a apologia da liberalização do aborto e nenhuma mulher é obrigada a fazê-lo. Responder ‘SIM’ tem como objectivo defender a saúde reprodutiva das mulheres e acabar com uma criminalização penal injusta e inadequada.”

António Vilarigues, PÚBLICO

Anabela Santos

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Um ano depois!

" Nenhuma mulher tem um orgasmo limpando o chão da cozinha"
Betty Friedan, considerada a fundadora do movimento feminista moderno nos Estados Unidos, morreu a 4 de Fevereiro de 2006 aos 85 anos em Washington. A activista foi vítima de uma crise cardíaca.
Em 1963 com o seu livro “The Feminine Mystique”, considerada a bíblia do movimento feminista americano, marcou o lançamento de um movimento que visava reavaliar o papel das mulheres na sociedade norte-americana.
O tema da obra gira a volta da ideia que as mulheres eram vitimas de um sistema dominante de ilusões e de falsos valores, em que a mulher estava submissa às tarefas domésticas, prisioneira num papel de esposa e mãe.
Fundou o movimento NOW dedicado ao combate para a igualdade de oportunidades para as mulheres.

Fica aqui uma citação da obra “The Feminine Mystique”:
“Quando as mulheres não viverem somente através dos maridos ou dos filhos, os homens deixarão de ter medo do amor e da força das suas mulheres e já não precisarão da fraqueza do outro para ter certeza da sua própria masculinidade.”
Uma homenagem e sobretudo um grande OBRIGADA!
Sylvie Oliveira

Conscientemente, pelo SIM à despenalização do Aborto!



"Porque o direito à Vida, também é um direito de escolha!"

Ana Ferreira (anarafaelaferreira@gmail.com)

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Somos pelo «SIM»!

‘Prisão não é solução!’

by Sylvie Oliveira

Não sou pelo aborto nem me parece que ninguém seja. Ambas as partes gostariam de estar a referendar outras medidas. Queremos melhores acesso a meios de contracepção, melhor planeamento familiar, sexualidade responsável, apoio à maternidade. No entanto, não vamos votar se o aborto é legítimo ou não, não estamos a avaliar se de facto há vida ou não antes das dez semanas da gravidez, não nos pedem um juízo de valor sobre a sociedade egoísta em que vivemos. São questões pertinentes mas que não fazem sentido no contexto do referendo, pois a pergunta pretende saber a opinião da maioria dos portugueses sobre as despenalização e não sobre questões ética e morais.

O aborto é um problema, não uma solução. Ninguém diz o contrário. Da mesma forma, concordamos que o aborto clandestino é um problema de saúde pública. A despenalização não vai resolver tudo mas vai resolver um: o aborto clandestino.

Quanto ao aborto, acredito que com a capacidade de mobilização que se tem verificado, poderíamos juntar esforços para lutar por políticas de prevenção e de ajuda às mulheres grávidas para lhes propormos outras opções. Acredito que não vamos assistir a uma corrida aos hospitais, acredito que o aborto nunca vai ser um método de contracepção, acredito que se vai manter como uma questão de consciência de cada um.

A lei actual não resolve nenhum dos problemas, só promove o aborto clandestino sem condições de segurança.

Não ao aborto clandestino!
Não ao julgamento de mulheres!

SIM à despenalização do aborto!


O que traz de novo a despenalização da IVG?
by Anabela Santos
A decisão de recorrer à Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) depende inteiramente da consciência de cada mulher; quem a decide efectuar, fá-la na legalidade ou ilicitude. A lei actualmente em vigor, não evitando a morte, produz um único efeito: empurra a mulher para a clandestinidade, submetendo-a às condições mais indignas que, de resto, concorrem para a macular irreversivelmente. Como se o aborto não fosse uma experiência suficientemente lancinante, a mulher é ainda sujeita aos olhares de desdém do tribunal e da sociedade.

Retomando a questão: o que a despenalização traz de novo?
A despenalização não coage nenhuma mulher a abortar e é ridículo pensar que despoletará um fervor abortivo, pois tal concepção é desacreditar a mulher e as suas capacidades de discernimento e decisão.

A despenalização da IVG suprime os deploráveis processos de inquisição, julgamento e condenação que expõe a mulher ao vexame público. Além disso, proporciona um acompanhamento médico que escuta a mulher, não a condena; esclarece-a, não a manipula; dissuade-a, não a expõe. Garante ainda a sua segurança e protecção no caso de prosseguir com a interrupção da gravidez, pois confere-lhe condições dignas e salubres.

A actual lei determina unicamente o banco dos réus para a mulher. Não põe fim ao problema do aborto clandestino, apenas o agudiza, fazendo recair sobre as mulheres o estigma social.

Por uma escolha consciente e responsável, vota SIM!

SIM a despenalização!

Sylvie Oliveira
SylvieO6@hotmail.com